"Filmes Apenas" é um blog bem pessoal onde catalogo alguns filmes que venho assistindo e que julgo serem bons. Os comentários que coloco não são técnicos, mas sim, apenas, uma primeira impressão de alguém com pouca experiência em cinema, mas que gosta muito de filmes. Como gosto muito de filosofia, os comentários tendem sempre a filosofar em cima das histórias apresentadas.
Mas, o blog também está aberto à críticas e sugestões.
George Kieling
Título em português: Quatro Minutos Título original: Vier Minuten Titulo em inglês: Four Minutes Diretor: Chris Kraus Roteiro: Chris Kraus (writer) Ano: 2006 País: Alemanha
Um filme que realmente faz juz a todos prêmios que ganhou. Uma história forte, uma trilha sonora bem colocada e uma atuação impecável de Hannah Herzsprung na figura de uma jovem rebelde. A história coloca em parceria duas personagens nos extremos de suas idades, com histórias de vida muito parecidas de um passado triste e doloroso. Através de uma coisa em comum - a música - elas tentam cicatrizar suas duras feridas. Pode ser impressão minha - eu não diria preconceito -, mas acho que o jeito rude e sério da personagem de Monica Bleibtreu (Trade) acaba se explicando pelo final do filme.
Título em português: Mar Adentro Título original: Mar Adentro Titulo em inglês: The Sea Inside Diretor: Alejandro Amenábar Roteiro: Alejandro Amenábar (screenplay) and Mateo Gil (screenplay) Ano: 2004 País: Espanha
Excelente filme, com uma escolha perfeita dos atores e de direção impecável; não é à toa que ganhou tantos prêmios. A questão principal é discutir o direito à autenásia, pois após tantos anos como tetraplégico o protagonista principal do filme (Ramón Sampedro), cansou de viver. Não há traumas, nem remorsos, nem sofrimento, e ele está perfeitamente lúcido e convicto de suas pretensões, mas simplesmente ele quer partir. O roteiro do filme é tão bem construído, que você percebe até que ponto a vida de Ramón é entrelaçada à vida dos demais personagens. Há uma grande teia de relaciomentos que envolve todos os personagens e essa perspectiva de sofrimento que a tetraplegia de Ramón causa em todas estas vidas é que nos faz pensar muito nesta grande história. A grande contradição é que na verdade não sabemos o que é ou o que não é sofrimento, pois podemos ver que Ramón consegue contemplar a beleza da vida, seja por seus sonhos, pela sua escrita, nas suas "viagens fora do corpo" no amor dos que os cercam, na música, nas suas mulheres admiradoras, enfim, a vida é bela para Ramón.
- Poderíamos até imaginar que viver é algo que não dependenda necessariamente do corpo e que poderíamos tranquilamente viver uma vida mágica de ilusão, do que viver uma vida balizada por tantas referências materiais que apenas nos escravizam;
- uma outra questão que poderia ser levantada é a questão de que costumamos achar que a tragédia da vida humana é saber que a mortalidade é fato certo; mas talvez isso não seja necessariamente um mal; já pensou se fôssemos imortais? vendo pessoas que amamos sucumbindo ano após ano, não teríamos objetivos para viver: a morte dá forma à vida, e no caso do filme, Ramón estaria condenado à viver.
- ou então poderíamos tentar imaginar o que seria viver para Ramón; você acha que o que é viver para ele significa a mesma coisa para você? claro que não, pois viver para pessoas distintas tem significados distintos e está experiência é muito pessoal.
Enfim, o filme é muito inteligente, a história bastante reflexiva e o ponto chave aqui é a eutanásia, tanto é que foi colocada uma segunda protagonista na mesma condição (Júlia) mas cujo drama seria um pouco diferente.
Título em português: A Onda Título original: Die Welle Titulo em inglês: The Wave Diretor: Dennis Gansel Roteiro: Dennis Gansel (writer) Todd Strasser (novel) Ano: 2008 País: Alemanha
Este é um daqueles bons filmes que circulam incógnitos por aí. Sua produção não é grandiosa, não usa de grandes técnicas cinematográficas; mas isto também não é necessário, pois temos aqui uma boa história. Baseada em fatos reais e filmado na Alemanhã, a história nos permite deduzir que podemos ser conduzidos como vacas para dentro de um curral, pois numa sociedade sem qualquer referencial de indentidade, alguém que nos traga uma unidade, com certeza nos dominará, pois no fundo, somos todos carentes. Uma leitura acurada nos livros do George Orwell ("A Revolução dos Bichos" e "1984") permite que analisemos melhor a hitória contada, se bem que em "1984" a idenficação é mais fiel.
O roteiro aqui é bem construido com personagens que apresentam perfis bem caracaterísticos, embora, de personalidade moderada. Talvez, com personalidades mais fortes, o filme fosse mais intenso; por isso acho que a história e o questionamento que o diretor nos permite fazer - e este questionamento é evidenciado logo no começo do filme: "seria possível?" - se sobressai a tudo.
Acho que aqui também podemos pensar em termos da alegoria do "Mito da Caverna", de Platão, só que ao contrário: no mito da caverna, para você adiquirir o conhecimento você precisaria sair da caverna; aqui as pessoas, entram para a caverna e perdem o conhecimento do mundo real.
Segue abaixo um texto de um livro que estou lendo, "O Porco Filósofo", de Julian Baggini, que ajuda bastante a aprofundar o assunto (abra as imagens em outra página que as letras aumentão):
"História" ... para quê ?
-
Vamos fazer um simples exercício mental sobre a importância do Passado e
da História.
Todos nós já ouvimos falar que estudar História é importante, pois a...