Título em português: Ponto de Mutação
Título original:
Mindwalk
Titulo em inglês: Mindwalk
Diretor:
Bernt Amadeus Capra
Roteiro:
Bernt Amadeus Capra (story),
Floyd Byars (screenplay)
Ano: 1991
País: Alemanha
index: 540
Links.
IMDb:
http://www.imdb.com/title/tt0100151/?ref_=fn_al_tt_1
Site:
wikipedia:
DVD:
blog:
http://naturalistaemcena.blogspot.com.br/2012/10/o-encontro-de-paradigmas-em-ponto-de.html
http://www.overmundo.com.br/banco/resenha-do-filme-o-ponto-de-mutacao
script:
Trilha musical:
Filmes completo no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=7tVsIZSpOdI
Trailer:
Comentários:
Outro dia eu estava conversando com uma pessoa amiga sobre a natureza dos relacionamentos, principalmente como duas pessoas podem mudar seus pontos de vista a respeito de determinado assunto quando se distanciam no tempo ou espaço. Veja, há dois anos eu assisti este filme e tive um pequeno
insight sobre o tema que ele aborda, o que me ajudou um pouco a compreender o mundo em que vivo. Hoje, após estes dois anos, revendo o filme, minha perspectiva sobre o que ele aborda se mofificou; outros detalhes do filme me chamaram a atenção, e posso até mesmo dizer que o entendi de uma maneira diferente.
O que mudou no filme? ... nada! quem mudou foi eu, e não o filme: sou uma pessoa diferente daquela de dois anos atrás, algumas novas experiências de vida me mudaram, meus relacionamentos me geraram expectativas diferentes, meu corpo é outro (até mesmo o filme cita isto: as celulas do meu pâncreas são praticamente todas substituidas a cada 24 horas, a mucosa gástrica também, milhares de células por minutos são substituidas em nossa pele, enfim estamos constantemente nos renovando, chega a ser mesmo quase impossível apertar a mesma mão duas vezes seguidas). Daqui a dois anos vou assistí-lo novamente, quer dizer, meu outro eu irá assití-lo.
Não sei como classificar este filme, talvez como uma síntese do livro do Fritjof Capra. Tenho em casa o Tao da Física, que estou lendo, e também O Ponto de Mutação (The Turning Point), que ainda não li; fiz besteira... assisti o filme, e logo irei ler o livro, ao invés de fazer o contrário. Sempre achei que fazia mais sentido ser assim, mas estou assumindo uma outra sistemática: quando o filme é muito filosófico exigindo um pouco mais de raciocínio, vale a pena assísti-lo várias vezes intercaladas no tempo, tal como a história de um outro filme: A Mulher do Viajante no Tempo (no Brasil: Te Amarei Para Sempre) - a cada visita, uma nova perspectiva sobre a mesma pessoa, ou o mesmo assunto.
O filme se baseia na conversa entre 3 pessoas, que abordam três formas diferentes de pensar: um político (bem falante), uma física (muito técnica) e um poeta (introspectivo). Todos passam o filme conversando sobre a natureza da vida e das relações pessoais e trazem à tona a necessidade de uma mudança no nosso estilo de vida, tornando o planeta mais sustentável para as próximas gerações e tentando mostrar para gente que o mundo não pode mais conviver com esta visão "descartesana" que somos uma máquina e que tudo funciona isololadamente, mas, muito pelo contrário, mostrando com bastante eficiência que as novas descobertas da física, dizem que a matéria, como a conhecemos, não existe realmente no mundo subatômico, e o que existe são apenas probabilidades de se materializarem em algum lugar, contanto que nós estejamos conscientes disso; investiga também uma caracteristica interessante da vida, que é o de se autoorganizar e de se relaciocnar com tudo a sua volta:
o que caracteriza a vida é que ela está em constante troca com tudo a sua volta (Teoria Geral do Sistemas Vivos). Isto cria uma nova perspectiva de vida, qual seja, a que devemos proteger tudo que nos cerca sem destruir.
São abordadas as grandes dificuldades de sairmos deste mundo mecanicista e de entrarmos num mundo mais holístico e compartilhado. O filme não aponta soluções, muito pelo contrário, deixando muitas dúvidas, como acontece com as questões filóficas (a pergunta é mais importante que a resposta), e naturalmente - devido à formação de Fritjof Capra - é vista sob a ótica da física, interpretada pela personagem feminina trazendo as principais questões à discussão.
Um excelente filme para quem gosta de filosofia e de ciência.
Não sei se foi a intenção do diretor, mas é interessante ver como a maré, no final do filme, ao subir, vai cerceando a areia por todos os lados, bem como o castelo.
Para o Homem, que se acha dono pedaço, tenha em mente que, no final deste filme (da vida), a gente morre, e não a natureza!
O seguinte diálogo foi retirado da tradução do filme:... sobre uma visão holística da vida...
"Como pode falar de uma árvore
sem falar nas folhas ou raízes?
Eu conseguiria, sem nem
mencionar essas partes.
Um cartesiano olharia para
a árvore e a dissecaria...
mas aí ele jamais entenderia
a natureza da árvore.
Um pensador de sistemas
veria as trocas sazonais...
entre a árvore e a terra,
entre a terra e o céu.
Ele veria o ciclo anual que é
como uma gigantesca respiração...
que a Terra realiza com suas
florestas, dando-nos o oxigênio.
O sopro da vida, ligando a Terra
ao céu e nós, ao universo.
Um pensador de sistemas
veria a vida da árvore...
somente em relação à
vida de toda a floresta.
Ele veria a árvore como o hábitat
de pássaros, o lar de insetos...
já se você tentar entender
a árvore como algo isolado...
ficaria intrigado com os milhões
de frutos que produz na vida...
pois só uma ou duas
árvores resultarão deles.
Mas se você vir a árvore
como um membro...
de um sistema vivo maior...
tal abundância de
frutos fará sentido...
pois centena de animais e aves
sobreviverão graças a eles.
Interdependência. A árvore
também não sobrevive sozinha.
Para tirar água do solo, precisa
dos fungos que crescem na raiz.
O fungo precisa da raiz e
a raiz precisa do fungo.
Se um morrer,
o outro morre também.
Há milhões de relações
como esta no mundo...
cada uma envolvendo
uma interdependência.
A teoria dos sistemas reconhece
esta teoria de relações...
como a essência de
todas as coisas vivas.
Só um desinformado chamaria tal
noção de ingênua ou romântica..."